Entenda as complexidades ligadas ao lixo eletrônico no Brasil

Em 2020 o Brasil produziu 2,1 milhões de toneladas de lixo eletrônico

Publicado por Comunicação em 25 de fevereiro de 2021

Em algum momento você já se perguntou para onde vai seu lixo eletrônico e se ele é descartado de maneira correta? Além disso, você sabia que há maneiras corretas de “preparar” o produto descartado para serviços de coleta de lixo? Toneladas de resíduos de alta tecnologia são descartadas de forma incorreta ou entregues a prestadores de serviços não preparados para desprezo correto do objeto ao meio ambiente.

De acordo com o relatório anual da Aliança Mundial para o Controle Estático dos Resíduos Eletrônicos “Global E-Waste Monitor 2020”, a população brasileira produziu, em 2020, 2,1 milhões de toneladas, classificando o Brasil em quinto lugar no ranking dos países que mais produzem lixo eletrônico no mundo.

Promulgada em 2010, a Política Nacional de Resíduos Sólidos criou diretrizes e protocolos para municípios da União, como a criação de aterros sanitários e coletas de lixo reciclável e afins.

Elaborado pelo poder público e pelo setor de alta tecnologia, o decreto 10.240/2020 estabeleceu um sistema de logística reversa para objetos eletroeletrônicos. O documento propõe que os fabricantes e os importadores sejam os responsáveis pelo descarte ecologicamente consciente ou que procurem parceiros locais especializados para realizar o serviço corretamente.

Todavia, com o implemento da política ambiental adotada na última década, vários pontos de coleta foram criados em Goiânia. Propostas empresariais surgiram como a da empresa Desctec Natureza, que criou o projeto social “Lixo Eletrônico Contra a Fome”. A proposta une a ideia de um descarte consciente e parte do valor arrecadado retorna a população vulnerável em forma de cestas básicas.

Projeto goianiense

Concebido com o intuito de conscientizar a população civil, a empresa Desctec Natureza desenvolveu o projeto eco social “Lixo Eletrônico contra a Fome”, arrecadando equipamentos que não são mais usados para converter o valor pago pela reciclagem em alimentos, que são distribuídos a famílias carentes e instituições sociais em Goiânia.
A proposta aceita equipamentos como computadores, celulares, estabilizadores, câmeras fotográficas, impressoras, notebook, telefones e televisões. O projeto tem duração por tempo indeterminado. A iniciativa possui oito pontos distribuídos em todas as regiões do município.
De acordo com a Destec Natureza, o projeto arrecadou, desde o início da campanha em dezembro do ano passado, 1800 kg em alimentos, que foram distribuídos em torno de 100 cestas básicas. Caso intuições ou condomínios tenham interesse em participar da iniciativa, a empresa fornece o container de arrecadação sem custo.

Impacto a longo prazo

Uma quantidade de equipamentos com bases em metais pesados e substâncias químicas de alta complexidade é diariamente descartada de forma incorreta. Estudos recentes mostram que estes tipos de matéria prima levam séculos para se decompor.

Há um problema de razão ecológico emergencial ligado à questão: o desprezo incorreto e o retorno ao meio ambiente. Quando há um descarte incorreto consequentemente ocorre-se o risco de que esses elementos químicos infectem o lençol freático e contaminem quilômetros de terras.

Os objetos eletroeletrônicos normalmente são compostos por plásticos, borrachas, ferro, cobre, alumínio, chumbo, lítio, cádmio, níquel, fibra de vidro e ouro. Por serem composições químicas de alta complexidade e de materiais pesados seus descartes incorretos apresentaram um risco ecológico de alta periculosidade.

Estes descartes incorretos tem comprometido ecossistemas inteiros, ao exemplo de tragédias ocorridas em Mariana e Brumadinho demonstraram que os dejetos químicos ao entrarem em habitats naturais sem o devido manejo e tratamento para desintoxicação transformam o lugar contaminado inabitável e aniquila espécimes de vida.

O empresário Dario Ferrari pontua a necessidade de criar mecanismos mais eficientes de coletas de objetos de alta tecnologia. “Somente 2% do lixo eletrônico gerado no Brasil em 2019, por exemplo, foram descartados de forma correta”, pontua.

Descarte correto

Uma das orientações feitas pelo poder público e por ecologistas é a necessidade do usuário descartar objetos eletroeletrônicos em um ponto de coleta especializado. Como determinado pelo decreto 10.240/2020, empresas que produzem e importam produtos devem procurar parcerias com empresas especializadas para o descarte.

No entanto, existem maneiras corretas de desprezo a serem seguidas pelo usuário antes de levá-los à unidades de coleta municipais. Por exemplo, antes do descarte de um smartphone, é necessário que seja feita uma limpeza no produto, fazendo que ele volte ao seu estado de fabricação. O mesmo deve ser executado em HD de computadores e notebooks.

Outra orientação a ser seguida é a divisão dos tipos de lixo em quatro categorias: linha verde para produtos como celulares, computadores, desktops e acessórios complementares ligados a estes tipos de objetos; linha marrom para lixos como TVs, DVDs e aparelhos de som; e linha azul de descarte para produtos portáteis como secadores de cabelo, liquidificador e ferros elétricos, por exemplo. Por fim há a linha branca, destinada aos produtos de grande porte como geladeiras e fogões.

Essas linhas são indicadas para que o usuário faça uma divisão correta para o destinatário, e recomenda-se a necessidade de seguir atentamente, porque, caso esses materiais sejam descartados sem a devida divisão podem contaminar uns aos outros, correndo o risco de inutilizá- los para reciclagem.