Impacto e expectativas para o Pix em 2021

Só em dezembro de 2020 foram mais de 144 milhões de transações

Publicado por Comunicação em 25 de fevereiro de 2021

O pagamento instantâneo Pix, desenvolvido pelo Banco Central (BC) durante o primeiro semestre de 2020 e lançado em 16 de novembro de 2020, tornou-se o modo de transação bancária preferido dos brasileiros e se consagrou como uma das inovações mais populares dos últimos anos.

É o que aponta o relatório feito pelo BC, ao analisar os três primeiros meses da funcionalidade. De acordo com balanço, o pagamento instantâneo foi a transferência online mais utilizada pelos brasileiros, superando em duas vezes o DOC e o TED combinados, durante o período analisado.

O Pix já movimentou R$223 bilhões durante 2020, sendo que 86% das transações foram feitas entre Pessoas Físicas (PF) e 14% entre Pessoas Jurídicas (PJ). Durante a abertura da 12ª Reunião Plenária do Fórum Pix, foram anunciadas novidades sobre as atualizações de funcionalidades do pagamento instantâneo, como: saques, estornos e parcelamentos e pagamentos por aproximação em 2021.

Novidades para 2021

A primeira novidade divulgada pelo diretor do Fórum Pix, José Manoel, foi a disponibilização do Pix para movimentar dinheiro disponível em contas-salário. A conseguinte funcionalidade incluída na atualização do pagamento instantâneo será a integração da agenda de contatos, em que o usuário poderá rastrear e salvar dentro do aplicativo do banco o número do Pix do contato de seu interesse.

Outra novidade, bastante solicitada pelos prestadores de serviço, é uma devolução menos burocrática com possibilidade de estorno seguro e sem prejuízos em casos de suspeita de fraude ou transferência bancária para o destinatário incorreto. Esses procedimentos serão discutidos entre o sistema bancário e o Banco Central (BC) para promover um ambiente virtual com redução de perdas monetárias de alta escala.

José Manoel comentou que no terceiro semestre o BC pretende divulgar mais novas funcionalidades para o pagamento instantâneo, como o Saque Pix, que permitirá ao consumidor sacar o dinheiro em espaços comerciais. Entre outras propostas com previsão para este ano está o Pix por aproximação; para permitir que o usuário faça procedimentos sem contato, pelo celular, via NFC.

Outros destaques anunciados foram o Pix Garantido e o Pix Débito Automático. Enquanto o primeiro permite o pagamento de compras parceladas pelo sistema do Pix, o segundo foi idealizado para pagamentos recorrentes, como por exemplo assinaturas.

No entanto, a novidade que mais chamou a atenção foi o Iniciador de Pagamentos do Pix, pensado como um intermediador de transações entre instituições e sistemas que ainda estão em fase de planejamento, como WhatsApp Pay, um projeto divulgado no final de 2020. E por fim será implementado um Open Banking, um iniciador de pagamentos, previsto para ser executado durante o mês de Fevereiro em fase de testes.

Segundo o BC, algumas funções já foram iniciadas durante este mês, em fases de testes. Foi pontuado ainda que todas essas funcionalidades foram alinhadas e divulgadas em parceria com sistema bancário brasileiro previamente para viabilizar a implementação ainda neste ano.

Medidas de segurança

Uma das principais preocupações do Banco Central (BC) em recentes propostas de atualizações e inclusões de novas ferramentas para o Pix é a segurança cibernética e o aperfeiçoamento para evitar fraudes e golpes que têm ocorrido nos últimos meses. Todavia, bancários têm pontuado problemas com cadastramento incorreto de dados, que faz com que o valor acabe sendo enviado para o destinatário errado.

“Uma dica que sugiro é sempre conferir todos os dados antes do envio, aquela mesma conferência que fazemos ao recebermos o troco ou pagar um valor em dinheiro”, destaca o gerente do Banco de Brasília (BrB), Leandro Reis.

Porém outras medidas, além do preenchimento correto de informações, devem ser atentamente verificadas pelo consumidor no momento de realizar o pagamento instantâneo. Recentes posts divulgados na web, contendo brincadeiras ou flertes realizados dentro do Pix, mostraram que centenas de usuários das redes sociais expuseram suas chaves Pix em troca de quantias pré-estabelecidas com intuito de demonstrar afeição entre um usuário ao outro.

Como pontuado pelo gerente do BrB, Leandro Reis, essas exemplificações de interações podem ser perigosas, pelo fato do usuário expor sua chave Pix para um grande número de pessoas na web. “Esse tipo de divulgação como forma de “brincadeira” além de sobrecarregar sistemas sem necessidade, pode fragilizar e desqualificar esse novo meio de pagamento, retirando sua credibilidade”.

Outro ponto levantado por Leandro é o cuidado na hora de criar a chave Pix, sugerindo ao usuário que escolha uma chave que não utilize dados pessoais que possam ser usados para realizar fraudes com informações do consumidor. Mas, não somente a vulnerabilidade das transações ou divulgações de números de chaves Pix têm preocupado o BC. Antigos golpes que já ocorriam anteriormente ganharam nova roupagem com a criação do Pix como, por exemplo, clonagem de contas do WhatsApp, principal aplicativo de troca de mensagens no país.

Algumas dicas têm sido propagadas por bancos, como utilizar ferramentas e etapas de verificação de segurança. Leandro aponta algumas dicas que podem dificultar o roubo de dados e possíveis golpes virtuais. A primeira é criar senhas que evitem o uso de informações pessoais, trocá- las periodicamente, não repassar dados a terceiros, acessar sites seguros e manter o antivírus em dia e atualizado.

Vantagens x Desvantagens

O Pix tornou-se um dos projetos mais ambiciosos bancários do últimos anos, principalmente após o boom ocorrido na procura por formas de pagamento online, durante o período pandêmico da covid-19 (coronavírus). Concebido como uma forma de transferência bancária imediata, o Pix leva em torno de dez segundos para realizar concluir a operação. A forma de pagamento conta ainda com vantagem de poder ser realizada a qualquer dia e horário. Todavia, é necessário tomar certas precauções para utilizá-lo da maneira correta.

O primeiro ponto é a facilidade de realizar transferências bancárias em segundos, somente com o número da chave Pix. De forma bem prática e segura, o pagamento tornou-se bastante popular por contar com um fator determinante, a gratuidade. Porém, há uma desvantagem para pessoas físicas (PF) que precisam utilizá-lo com frequência: o número de operações é restringido a 30 operações mensais.

Além de ser acessível para trocar quantias financeiras entre chaves, seja ela fixa ou aleatória, o Pix permite que a operação seja realizada via QR Code. Basta gerar um código no app do seu banco e enviá-lo a quem deseja. Trata-se de uma maneira mais eficaz e imediata para o recebimento da transferência.

Outra vantagem é que não há necessidade do usuário que você pretende enviar a quantia tenha um Pix cadastrado, com os dados bancários do destinatário você pode realizar a transferência normalmente. Há também a possibilidade de ter mais de uma chave Pix cadastrada na mesma conta, que pode ter até cinco chaves inscritas. Uma pessoa física (PF) pode, no entanto, cadastrar até 15 chaves em contas diferentes, desde que não haja repetição de dados bancários.

No entanto, há uma preocupação recorrente dos usuários relatada pelos bancos sobre o preenchimento incorreto de dados ou chave Pix. Como levantado pelo BC, viu-se a necessidade de criar um mecanismo de estorno e ressarcimento ao cliente, sem prejuízos monetários para ambas as partes. Principalmente quando há risco de fraude ou remessa de dinheiro que não corresponde ao valor preenchido pelo usuário.

Outro aspecto que o usuário deve se atentar é a criação de chaves que não sejam baseadas em dados pessoais ou QR Codes que direcionem para guias ou páginas que não estão dentro da interface do app bancário utilizado. Esse tipo de mecanismo tem sido adotado por hackers para roubar informações pessoais e quantias significativas de dinheiro em apps bancários.

A professora do curso de Administração da Universidade Federal de Goiás (UFG), Aletheia Ferreira da Cruz, pondera que “o sistema financeiro como um todo precisará desenvolver mecanismos de proteção como estabelecer limites máximos de transação e até mesmo implementar inovações para o combate e prevenção à fraudes relacionados ao Pix”.

Impacto econômico

Com informações divulgadas pelo Banco Central e destacado pela professora de Administração da UFG, o Pix movimentou em seu primeiro mês em torno de 35 milhões de transações que haviam sido feitas utilizando o pagamento instantâneo. Em dezembro de 2020, esse número saltou para 144 milhões de transações.

Em tempo relativamente curto, o Pix tornou a superar as antigas formas de transação utilizadas anteriormente como o DOC e o TED. Além de ser considerado por Leandro Reis e por Aletheia Ferreira como um meio ágil de pagamento que preferencialmente terá seu uso propagado e consolidado. Aletheia pontua que o Pix ajuda pequenos aportes do sistema bancário a reduzir seus custos e, consequentemente, descentralizar e criar uma maior concorrência dentro do mercado financeiro, podendo ser benéfico para o consumidor final.

“Outro impacto é a inclusão e ampliação do comércio eletrônico dado que o Pix torna todo o ciclo de pagamento mais célere e de baixo custo operacional, permitindo que empresas que ainda não possuíam o recebimento de suas operações por meio de cartão de débito, em função do custo, passem a aceitar o Pix e com isso ampliar sua atuação no mercado consumidor” afirma a professora, Aletheia Ferreira.