Indústrias crescem 2,9% em dezembro e fecham ano com alta de 3,9%
Em 2019, acumulado do ano foi de -1,1% e, em 2020, de -4,5%
Publicado por Comunicação em 02 de fevereiro de 2022
A produção industrial cresceu 2,9% em dezembro de 2021, após registrar variação nula, em novembro, o que interrompeu cinco meses seguidos de retração. No ano, o ganho acumulado ficou em 3,9%.
De acordo com dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada hoje (2), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com o resultado de dezembro, o setor ficou 0,9% abaixo do patamar de fevereiro de 2020, período pré-pandemia.
Ficou ainda 17,7% abaixo do nível recorde, anotado em maio de 2011.
Segundo o gerente da pesquisa, André Macedo, o resultado do fechamento anual reflete a perda de ritmo da indústria no decorrer de 2021. Ele destacou, no entanto, que esse é o primeiro resultado positivo depois de dois anos.
“Em 2019, o acumulado do ano foi de -1,1% e, em 2020, de -4,5%. Em 2021, houve uma característica decrescente ao longo do ano, uma vez que houve ganho acumulado de 13% no primeiro semestre e, posteriormente, o setor industrial mostrou redução de fôlego. Os resultados positivos dos primeiros meses do ano tinham relação com uma base de comparação muito depreciada, já que em 2020 houve perdas bastante intensas para a indústria”, explicou.
No segundo semestre do ano, o acumulado refletiu uma situação diferente com a queda de 3,4%, porque havia uma base de comparação mais elevada.
Macedo observou, ainda, que, além disso, pesaram os reflexos da pandemia no processo produtivo, resultando no encarecimento dos custos de produção e na falta de matérias-primas, associados a outros fatores.
“Pelo lado da demanda doméstica, inflação em patamares mais elevados e o mercado de trabalho que, embora tenha mostrado algum grau de recuperação, ainda é muito caracterizado pela precarização das condições de emprego, com pagamento de salários menores”, afirmou.
Categorias
Em três das quatro grandes categorias econômicas e em 18 das 26 atividades analisadas pela pesquisa, a indústria alcançou números positivos também no acumulado do ano. Os destaques foram veículos automotores, reboques e carrocerias (20,3%), máquinas e equipamentos (24,1%) e metalurgia (15,4%).
André Macedo disse, também, que 2021 foi um ano em que a indústria cresceu sobre um período de muita perda. O que, segundo ele, é uma característica da atividade de veículos automotores, que, em 2020, teve acumulado no ano de -27,9%. “Então, ela segue o mesmo comportamento da indústria geral: cresce e fica no campo positivo, embora não tenha revertido as perdas do ano anterior. Em termos de produtos, o destaque fica com o avanço na produção dos caminhões”, destacou.
Para o gerente da pesquisa, esse setor é um exemplo da desarticulação das cadeias produtivas durante a pandemia de covid-19. “Além do encarecimento dos custos de produção, houve desabastecimento das plantas industriais, caracterizada pela falta de insumos e peças para a geração do bem final. A produção dos automóveis ficou marcada pelas paralisações das plantas industriais ao longo de 2021”, observou.
Em relação a novembro, a maior parte das atividades estudadas pela pesquisa também teve crescimento, com a expansão de 2,9% da indústria geral. A atividade de veículos automotores, reboques e carrocerias foi a que representou a maior influência. Em dezembro, o segmento teve alta de 12,2% e foi o quarto mês consecutivo de crescimento do setor. No período, acumulou ganho de 17,4%.
O resultado da indústria foi influenciado também pelo desempenho dos produtos alimentícios. Apesar disso, ainda que tenha crescido 2,9% em dezembro, o setor teve menor crescimento do que o apresentado no mês anterior, quando alcançou 7,1%.
“É o segundo mês de crescimento dessa atividade e esse ganho se deve, principalmente, à produção do açúcar e à volta da exportação da carne bovina para a China”, opinou. Mesmo com o resultado positivo, o setor ainda se mantém 4,1% abaixo do patamar pré-pandemia.
Os resultados positivos de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (12%), de metalurgia (3,8%) e de indústrias extrativas (1,6%), também contribuíram para o ganho da indústria, assim como os de produtos de minerais não-metálicos (2%), de máquinas e equipamentos (1,3%), de celulose, papel e produtos de papel (1,7%) e de couro, artigos para viagem e calçados (4,5%). Cinco atividades apresentaram recuo. O destaque ficou com produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-6,9%), resultado que eliminou o ganho de 1,8% de novembro.
Ano a ano
Em relação a dezembro de 2020, a produção industrial caiu 5%. Nessa comparação, três das quatro grandes categorias econômicas e 20 dos 26 ramos pesquisados registraram resultados negativos. As principais influências negativas nas atividades foram metalurgia (-13,9%), produtos de borracha e de material plástico (-19,9%) e produtos de metal (-19,1%).
O destaque entre as seis atividades que tiveram alta ficou com coque e produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (3,4%). Os resultados dos segmentos de indústrias extrativas (2%), produtos alimentícios (1,8%) e celulose, papel e produtos de papel (6,1%) também foram positivos.
O recuo mais acentuado entre as grandes categorias econômicas ficou com o setor de bens de consumo duráveis (-16,8%). No setor de bens de consumo semi e não-duráveis a queda foi de 7,4% e, no de bens intermediários, de 3,9%. A única alta entre as grandes categorias econômicas foi registrada pelos bens de capital (5,8%).
Série
Segundo o IBGE, desde a década de 1970 que a Pesquisa Industrial Mensal produz indicadores de curto prazo relativos ao comportamento do produto real das indústrias extrativa e de transformação.
A divulgação da nova série de índices mensais da produção industrial começou em maio de 2014, após “uma reformulação para atualizar a amostra de atividades, produtos e informantes; elaboração de uma nova estrutura de ponderação dos índices com base em estatísticas industriais mais recentes, de forma a integrar-se às necessidades do projeto de implantação da Série de Contas Nacionais – referência 2010; e adoção de novas classificações, de atividades e produtos, usadas pelas demais pesquisas da indústria a partir de 2007: a Classificação Nacional de Atividades Econômicas – Cnae 2.0 – e a Lista de Produtos da Indústria – Prodlist-Indústria”, informou.
Fonte: Agência Brasil
Foto: Pexels/Reprodução