Mulheres estão mais ricas do que nunca, mostra pesquisa do UBS
Publicado por Comunicação em 03 de abril de 2025
O relatório destaca características da relação das mulheres com o mercado
Nos últimos anos, as mulheres têm conquistado um papel cada vez mais relevante na economia global, impulsionadas pelo aumento da sua riqueza e poder de compra. De acordo com um relatório do Union Bank of Switzerland (UBS), divulgado no último mês, as mulheres nunca foram tão ricas quanto agora.
Em 2020 elas controlavam 32% da riqueza privada global. Hoje, o mundo conta com 344 mulheres bilionárias que administram um patrimônio total de US$1,7 trilhão – e seus ativos crescem em um ritmo mais acelerado do que os dos homens.
No Brasil, instituições como a Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Goiás (ACIEG) desempenham um papel fundamental no apoio às mulheres empreendedoras. “Por meio de iniciativas como mentorias, capacitações e networking, a entidade oferece suporte às empreendedoras, ajudando-as a superar desafios estruturais e culturais. Além disso, atua na conscientização da sociedade sobre a importância da equidade de gênero no mundo dos negócios, impulsionando um ambiente mais justo, acolhedor e próspero para todos”, afirma Priscila Rezende, presidente da Câmara da Mulher da ACIEG.
Avanços e desafios na inclusão financeira
O estudo do UBS destaca que a ascensão econômica das mulheres está intimamente ligada ao aumento da inclusão financeira e à melhoria na educação. Contudo, apesar dos avanços, o UBS aponta que, ao longo de suas carreiras, as mulheres acumulam, em média, apenas 74% da riqueza dos homens.
Além disso, a análise sublinha o impacto transformador da equidade de gênero na economia global. Fechar a lacuna de gênero na força de trabalho e nos cargos de liderança poderia adicionar até US$ 7 trilhões ao PIB global. Se a igualdade de gênero fosse plenamente alcançada, esse número poderia saltar para impressionantes US$ 22 a 28 trilhões.
O investimento com perspectiva de gênero, segundo a UBS, é uma estratégia crucial para impulsionar esse progresso. Mais do que uma tendência, trata-se de um movimento global que fortalece a independência financeira das mulheres e fomenta um crescimento econômico mais equilibrado e sustentável.
Como atuam as investidoras
As características das investidoras são o diferencial em relação aos homens. Elas passam mais tempo pesquisando, são mais propensas a seguir um plano e tendem menos a tentar cronometrar o mercado ou mudar seu perfil de risco em meio à volatilidade; mais confiantes com suas decisões quando seus investimentos têm um impacto positivo na sociedade e mais focadas na gestão de risco do que os homens: usam mais stop losses, negociam menos e verificam o desempenho de seu portfólio com menos frequência.
Outro diferencial das investidoras mulheres é o alinhamento de seus investimentos com valores pessoais, como o impacto social positivo. Essa abordagem pode impulsionar ainda mais a participação feminina no mercado financeiro, visto que as mulheres representam 75% dos gastos domésticos e estão se tornando uma força crescente também como investidoras.
O relatório aponta que, atualmente, as mulheres controlam US$ 32 trilhões em gastos globais e, em breve, dominarão 75% dos gastos domésticos discricionários. No entanto, a UBS observa que, apesar do crescente poder financeiro feminino, o papel das mulheres nas tomadas de decisão ainda é limitado, com uma grande parte das decisões de investimento sendo delegada aos cônjuges, especialmente em casamentos heteronormativos. Estima-se que 51% das mulheres da geração Y (grupo de pessoas nascidas entre 1981 e 1996) adiaram grandes decisões financeiras para seus parceiros após o casamento.
Empresas e liderança feminina
Embora as mulheres estejam rapidamente adquirindo riqueza, o número de empresas com liderança feminina ainda é reduzido. De acordo com dados globais, apenas 33% das empresas em todo o mundo têm mulheres como proprietárias ou co-proprietárias.
“A pluralidade de perspectivas também contribui para a criação de um ambiente corporativo mais inclusivo e adaptável às demandas do mercado”, reforça Rezende.
A UBS ressalta que a presença de mulheres em cargos de gestão tem mostrado um desempenho superior no mercado financeiro, com empresas mais diversas em termos de gênero tendo 18% mais chances de superar suas concorrentes menos diversas. Além disso, a diversidade no alto escalão das empresas tem um impacto ainda maior quando se reflete na composição do conselho administrativo, com uma diferença de 27% no desempenho das empresas com mais mulheres em suas equipes de liderança.
Indústria de tecnologia e o crescimento da Femtech
Um setor particularmente relevante no contexto da riqueza feminina é a indústria da tecnologia, com destaque para a chamada “femtech” – um ramo emergente da tecnologia focado na saúde e bem-estar das mulheres. Embora ainda incipiente, a UBS aponta que a indústria femtech já conta com nove empresas avaliadas em mais de US$ 1 bilhão, e sua avaliação total gira em torno de US$ 28 bilhões.
Esse mercado abrange áreas como fertilidade, cuidados com a gravidez, rastreamento do período menstrual e gerenciamento da menopausa, criando um espaço de inovação dedicado às necessidades femininas.
Além disso, empresas do setor de serviços financeiros têm se adaptado à crescente demanda feminina, oferecendo produtos mais voltados para as necessidades das mulheres, como contas bancárias e cartões de crédito com linguagens e benefícios específicos. As fintechs, especialmente aquelas com foco no público feminino, estão se tornando uma oportunidade de investimento promissora dentro do mercado de tecnologia.
“A ACIEG incentiva mulheres empreendedoras, desse modo desempenhando um papel fundamental na promoção da igualdade de oportunidades e no fortalecimento da economia goiana. O apoio institucional e o acesso a redes de contato, capacitação e financiamento são essenciais para que mulheres possam desenvolver seus negócios de maneira sustentável e competitiva”, conclui a presidente da Câmara da Mulher.